“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1:6-8). Essas palavras foram escritas pelo apóstolo Paulo em uma carta, dirigida aos cristãos da Galácia (atual Turquia), entre os anos 48 d.C e 49 d.C. O objetivo do apóstolo era contestar a fé inconstante dos gálatas que, seduzidos pelos falsos mestres judaizantes, estavam abandonando a fé em Jesus Cristo e submetendo-se novamente àquilo que Paulo intitulou de “obras mortas” e de “rudimentos fracos e pobres”. A verdade é que os gálatas estavam aos poucos se distanciando da graça de Deus em Jesus Cristo e se aproximando mais e mais do legalismo judaico propagado pelos falsos mestres. Eles disseminaram nas igrejas cristãs nos tempos de Paulo não apenas o judaísmo radical, mas também o ascetismo oriental. Esse último ensinamento estabelecia que a carne era uma essência má e que apenas o espírito era bom. Por isso, eles rejeitavam o casamento, além de não acreditarem na criação, na encarnação e na ressurreição de Jesus Cristo. O fato é que essas seitas foram responsáveis pela formação do gnosticismo, a principal heresia combatida pelos apóstolos no primeiro século. A postura de Paulo foi muito forte em relação aos princípios heréticos defendidos pelos mestres judaizantes. Ele desempenhou o papel de um verdadeiro exegeta bíblico.
Contudo, chamo a sua atenção para o versículo inicial do
texto. Nele, podemos ler claramente que Paulo estava surpreso em perceber que
os gálatas estavam regredindo e se apostando da fé em Cristo tão rapidamente.
E, esse é o ponto importante que o apóstolo levanta: não há outro evangelho
além do Evangelho que pregado, anuncie a salvação do homem mediante a fé em
Cristo. Ele morreu para justificar o homem dos pecados. Somente por meio Dele o
pecador poderá obter a salvação eterna. Não há mérito ou esforço humanos nisso.
A glória é de Deus, tão somente! “Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na
fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl
2:20).
Fico imaginando a diversidades de “evangelhos” que são
pregados atualmente nas igrejas. Há o “evangelho” que estabelece a prosperidade
humana como meio de buscar a Deus, onde a fé é barganhada por resultados
materiais e não espirituais; há o “evangelho” das curas e dos milagres, onde a
principal demanda é atender as necessidades físicas dos membros; há o
“evangelho” tão em voga nas redes sociais, que é o da autoajuda. Esse tipo de
“evangelho psicologizado” pretende solucionar os problemas da alma do homem
fazendo-o a olhar para si mesmo e não para Cristo. Há outro “evangelho” que
confunde liberdade em Jesus com promiscuidade e mundanismo, onde tudo é
permitido. Enfim, poderia aqui ficar escrevendo uma infinidade de “evangelhos”
que são pregados hoje em dia, em muitos lugares por aí.
Todavia, existe apenas um Evangelho verdadeiro: o Evangelho
que, conforme Paulo disse aos gálatas, anuncia Jesus Cristo como o Salvador e o
único digno de honra e de glória. À parte Dele, não há salvação e tampouco
solução para nenhum tipo de problema que o homem possa enfrentar neste mundo. Somente
Nele e por Ele o homem pode andar, falar e ser abençoado. Isso, portanto, deve
nortear o coração do verdadeiro crente, que não busca a Deus por coisas vãs,
materiais e passageiras, mas sim, estabelece a sua fé e esperança na promessa
eterna de Deus em congregar para SI todos os remidos no Seu Reino Celestial.
Portanto, querido irmão, tome cuidado com o tipo de
evangelho que você está ouvindo. Se Ele não apontar para o Cordeiro, algo está
errado. Você pode estar sob o mesmo perigo que os gálatas estavam no passado.
Tome muito cuidado, pois esses lobos não se importam com a sua alma, com a sua
salvação eterna. Eles apascentam a sim mesmos e buscam satisfazer o seus
próprios prazeres carnais.
Que o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo fortaleça a nossa
fé e nos dê animo para continuarmos a caminhada até aos céus.
Fiquem todos com a paz de Cristo!
Pr. Willian Martins